Acordo antes que mudem as estações, antes que haja infinitos, antes que a carne supere o letal e que de ápices o retorno adormeça. Danço, na tentativa que se exploda... transcenda-me... Evapore-me em absurdos ou poemas...
9:41
Primeiro ato do dia: uma tossida colossal de cuspir órgãos à distância; tudo dói enquanto faço café, lacrimejo, meu corpo queima. É febre. Arde, um nó na garganta, um gosto ruim, antes fosse insosso, eu não fosse, mas foi a chuva.
Ânsia... o café, e uma confusão no peito ao respirar, parece desistir... cansado de aflição, chiar, falta ar.
Banho, som e alguns pensamentos afogam-se por instante... não morrem... nem eu, só as plantas que esqueço, porque não volto, secam. Descubro que a morte é amarelada fico pasma, estou pálida. Volto a tentar, mas já esta frio. Quase desisto mais reesquento porque acho que no fim será melhor, engulo como dose. O melhor remédio é esta na cama, é suar no acalento humano ou do travesseiro. Prossigo, agora sou eu quem está fria e bipolar, estar bem e mal é complexo, estou inquieta mesmo exausta. Chego à solução temporária comprimida em diclofenaco de potássio e um poema de Hilda Hilst.
15:50
Acordo algum tempo depois, sem nenhum sonho novo, eu não mudei, a temperatura do meu corpo é infernal e sinto mais sede. Gostaria da velocidade, gostaria de não ser o hoje, gostaria de fumar um cigarro sem morrer, sem morrer de tédio, de ser de devorada por relâmpagos.
Li quadrinhos do Charlie Brown, molhei as plantas, escutei Cyndi Lauper, meu estômago dói... Ramones, The Cure, voltei pro Garcia Marquez, conversei com a Raisa, Joca, escutei Mercenárias, lavei as calcinhas, odeio amígdalas, fiz ligações, rolei pra um lado rolei pro outro, conversei com a Thais, senti frio, calor, raiva, morri fumando um cigarro, tentei não pensar, escrevi um conto.
Estou em casa a trinta e sete horas e alguns minutos, já não caibo mais aqui, em mim, ando em círculos enquanto a Alê procura não se sabe o quê.
18:39
Gostaria de desdobrar-me na maldição da ressaca, ou no desequilíbrio de uma paixão pós-botequim, mas não, o que me consome é uma franqueza sem fetiche... febre estúpida não sexy, um cansaço justo, porém, desnecessário. Me acalenta lembrar de noites mal dormidas e bem amadas.
Esqueci o remédio, está tudo fora do horário, dói escrever, respirar tá um saco, parece saudade. Então fico no breu da cama... uma música triste... Sinto-me cansada, fecho as cortinas, não gosto de sol desenho luas estranhas na parede rock and roll.
Fragmento.
21:40
Não consigo ver um filme de guerra ou música, mais preciso de algo...
Também não é a primeira virose de uma vida de vinte e nove anos, não será a ultima.
Acho que ainda tenho saúde para outras. Esta forma como me sinto passa.
Bom seria vodka, não ligo pra vodka, mas vodka cura tudo ou mata...
As palavras fritam em meus poros, enfeitam o inútil.
Por quanto tempo sobreviverei ao banho Maria? Desenvolverei a asma do choro?
Pulminho, pâncreas, fígado e ossos, não sei o que dói em solo, sobre o coração dizem que só dói quando morre, o meu está intacto ou nasceu morto, não sei mesmo.
Penso em vodka com suco de laranja, falei com Monique e Bia. Está ficando tarde e já não posso mais ir a lugar nenhum com minha falta de paz de espírito nesta segunda-feira. Mudo de posição, escrevo poemas paralelos ao conjunto da obra por ócio, o conceito ainda vou desenvolver com a contemporaneidade. Este é para outros enfermos de verão.
22:28
Encontrei um ex pela Internet; perdi o atual no bar... estou só. Por que tudo não se vai de uma vez? Sempre fica um incômodo temporário, chamado expectativa: Vulgo telefone... deixa pra lá, vou tomar um banho e me deitar...cof cof Tá foda!
Virei peixe e cachoeira; minhas costas o alicerce da queda d’água mãe e minha mente o pequenino que habita. Condensei-me..
Estou em delírio
23:01
Desliguei tudo, acendi um cigarro; não havia barulho, dentro ou fora. É muito difícil o silêncio... Nomes que definem entalam-se involuntariamente.
Gripe de verão!
ResponderExcluirQuando ta um pouco mais frio agente tomo vinho(vinho não,cantina da serra),fuma pra caralho, usa a nareba,dormi mau e então isso fica tudo empedrado dentro de nós,pra que quando chega esse calor infernal derreta tudo isso em forma de gosma que domina o nosso corpo gosma essa chamada catarro,onde vc cospe ou engole um tanto aproximadamente de 5 em 5 minutos durante um periodo chato do seu verão pra quando ficar boa voltar a vida boemia que dura mais ou menos 2 semanas até ficar ruim de novo.Entendeu?
Pior que você tem toda razão..
ResponderExcluirhhahahah
muito bom,Mia.grande escritora.
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