sexta-feira, 27 de maio de 2011

Margarida sem açucar

Na composição em que amanheço
Metáforas trágicas invadem o subsolo
Segrego o que aflige, e mato
Jaz, bailarina lilás
Como todo incerto,
perceptível e vulnerável.
Até margaridas amargavam de inquietude

Em nada consiste teu ascendente
Rascunho a lembrança
Foram se as eras, eu ira
No entorpecido noturno em que consisto



Mia Vieira
O SOL CLAREAVA SILÊNCIO MODERNO


O sol clareava silêncio moderno
Cerrado estremecido insosso
Distantes, vazios trepavam
Tatos pálidos nadas
Frigida alvorada e a música deste instinto
Sem som de sonho
Nuclear ou toxico
Sem coito de paz
Sem sede de fome
Carne prostrada, nem mosca
Aborto picados terremotos de vácuo
Vadio, me exige palavras
Infinito de soluço rasga peito
Nodula a garganta superfície
Logo vem o que emana
Sigilo e confissão
Escorre o sólido

Culpas da agonia
Cedos estúpidos cercam
A sensação do comum, morna
Mas, não passa
Preenche
Dimensões com faltas ocas.



Mia Vieira
Brasília
julho 009

domingo, 22 de maio de 2011

seca

Na seca da vida
Secaram lágrimas
Sangue
Vida maldita!
Porque não seca também as dores ?

Esperança é erva daninha
Qual alimenta a vontade de um dia transbordar-me.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

sem nome

Ela voa nos meus sonhos
    da insônia
Habita meus dias 
    de chuva
sem ela não faz
    sol.



2007

domingo, 15 de maio de 2011

FRATURA EXPOSTA

Exteriorizando o desgosto
Fratura exposta
Tentando cicatrizar ferida
Vou colhendo pelos cantos
Pedaços de espelho
Migalhas de desprezo.

Como válvula de escape;
Eu danço!
Uma marcha fúnebre
Já que os sonhos
Parte morta de mim

A dor acoplada
Tornou-se companhia
Malditos dias de chuva
Em que tudo não se acaba
Eu não queria acordar amanhã

Raios de sol
Esclarecem a tristeza
Tornam-se nítidas
Lágrimas nos olhos

Na falta da verdade
A certeza do fim
É o que resta.
Resta saudades de um tempo
Quel não me levou

Hoje encontro em minha perdição
Um vazio alucinante
Gargalhadas delirantes
Entre corpos congelados

Embriagada é a lógica
Insensível !
De tudo o que habita
Um mundo cheio de portas.

2006

sábado, 14 de maio de 2011

Nada de bonecas (os)


 
Fui um dia criança
Brinquei de boneca
Gostei de você.
 
Cresci fui comprar cigarros
Tomei um porre
Esqueci o caminho da volta.
 
Hoje sozinha
Nado em lembranças
Nada, nem presenças
Nada sinto em ausências.
 
 
Mia Vieira

RJ 2004

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nostalgia amarela

 
NOSTALGIA AMARELA

Silêncio é embriagado.
Visões são embriagadas.
E o preto e branco quase colorido.
Sem flores mortas ou verdades;
O desafio do tempo.
A necessidade do gosto da água.
Dentro a explosiva vontade.

          A NOSTALGIA AMARELA
    OS CAMPOS, OS CANTOS,  AS FOTOS,
O GOSTO DE VOCÊ, VENENOSO NAS VEIAS,
     NÃO MAIS QUENTE, NUNCA LETAL.

Portas e janelas abertas da dor.
Toda serena loucura habita asas de mim.
Mariposa de inverno, sem transbordar.
E tu, as mãos lúnaticas e capazes;
Como todo o dia de fúria bela.
Eu poderia te contar outras histórias;
Mais há outras vozes lá fora
Gritam e te chamam;
A dançar.




Mia Vieira 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mariposa de inverno


 
Insisto, inútil resistências
sentir seu perfume
entre jasmins de plástico
no vazo;
qual enfeita a janela
abandonada por mudanças.

Lúdicos cílios de nuvem
conturbavam a visão
cortinas pintadas com corpos azuis
dançavam sem mágica
pelo entardecer.
nenhuma poesia
conseguia me alcançar.

Esvaiu-se o cheiro de rock and roll
dos lençóis baratos.
(...Não há relatos de fim de mundo
maior que o momentâneo).

Era um prédio grande e desbotado
vidros quebrados e silêncio
parte intocada de vida ou verde
por quase todo este sempre.

Sem parar o tempo
este, nunca trouxe;
experiência ou os dias
tão pouco perdidos
a quantas quatro horas a vagar
com os olhos a separação
paredes sujas
segundo infinito.

Não há súbito sou ápices,
taquicardia ou soluços
nenhum sinal de vida
a dor do som havia acabado antes
no instante em que se fechou
a  porta.

O fim nunca importa
quando não começa
o ponto de partida é indiferente
na inexistência
como morrer em segredo
é o inerte sentir.

Nuvens



Amanheço em devaneios
Transitam em mim, outras vontades
A cuspir-me  em ossos.
Paralelos contrários seguidos de ventos
Certezas anfíbias, me escorrem entre dedos.

Sou eu, meu próprio segredo!
A desvendar-me, dor em punho
Pulsos contenho
Fragmentos vermelhos de sonhos contínuos.
Porém, belo livro;
Na solidão de inexistências.

Outros fatos casuais;
Me renderiam mais um trago.
Se das cinzas surgisse
Mais um dia ou lua;
A comover-me a espera
Do próprio fim.